A tragédia de Santa Maria.

No mundo tereis aflições.
Jo. 16:33.

          Domingo, dia 27 de Janeiro de 2013, cheguei cansada em casa, após ter tido uma Escola Dominical maravilhosa.
          Apesar do imenso temporal que caiu, após eu ter chegado em casa, graças a Deus, o clima ainda continuava quente.
          Almocei e tentei relaxar um pouco, conversando com minha mãe e minha filha.
          De repente, minha mãe, que estava assistindo a televisão, pediu para nós prestarmos atenção numa notícia de um incêndio numa boate, que ocorreu na madrugada deste domingo em Santa Maria, Rio Grande do Sul, que levou um número absurdo de jovens à morte (asfixiados e por queimaduras), cerca de 231 mortos e outro número imenso de jovens feridos.
          A tragédia de Santa Maria foi tão chocante, estúpida e muito brusca, que não tive ânimo pra mais nada.
          Eu me coloquei no lugar desses pais enlutados.
          Fiquei muito triste!
          Não consegui mais assistir a reportagem; e deixo o meu protesto de indignação, diante de tanta insensibilidade absurda, que arrotam solidariedade, mas o aproveitamento é nítido das emissoras de televisão, numa competição de audiência em cima da dor das pessoas.
          Além desse absurdo, surgem os hipócritas cristãos, que ainda pensam que servem a Cristo, os famosos fariseus, dizendo que tudo aconteceu, porque os jovens estavam numa boate.
          Cristianismo não pode ser confundido com cretinismo.
          E o que dizer de tragédias, que já ocorreram em igrejas evangélicas?
          E o que dizer de tragédias, que já ocorreram em eventos gospel?
          E o que dizer de tragédias, que já ocorreram dentro de casa, com a família dormindo?
          Está na hora de uma reavaliação de alguns comentários de certos cristãos, se colocando como juízes, como se Deus fosse um Deus raivoso e cheio de vontade de fazer as pessoas sofrerem.
          Eu não aguento ver e ouvir os falsos humildes, os que estampam um verniz de santidade, para gritarem por aí, aos quatro cantos, como juízes das pessoas e das coisas que acontecem.
          Até onde vai a incompreensão e a insensibilidade das pessoas, que hipocritamente acham que professam a fé verdadeira em Cristo Jesus?
          E agora, como é que vão ficar esses pais, que não terão mais seus filhos voltando pra casa, sorrindo, sonhando com a formatura?
          Como serão os domingos, os natais, os dias dos pais, os dias das mães dessas famílias, sem seus filhos?
          É muito perigoso quando o homem se utiliza da língua, transformando-a numa arma para massacrar, julgar e condenar o outro.
          E onde está Deus nesta história?
          Nada acontece sem a permissão de Deus; e por que Ele permitiu tudo isso que aconteceu?
          As perguntas ficam a mercê de mais e mais questões.
          Como entender a vontade de Deus?
          Rejeitamos a fé cristã, por causa da tragédia de Santa Maria?
          Há um sentimento de muita tristeza, insatisfação e tremenda indignação, diante de alguns insensatos, que fecharam a porta da boate, para os jovens não saírem, porque tinham de pagar a comanda.
          Que absurdo!
          Quem são os culpados?
          Existem culpados?
          Se existem culpados, onde estão?
          Não podemos ficar insensíveis, diante de uma tragédia como esta.
          A tragédia de Santa Maria, é a maior prova de que ninguém tem o domínio de coisa alguma, principalmente da vida.
          A vida é muito rápida.
          E diante de um ataque desse porte da vida, o sentimento é de total impotência.
          Deus não disse que seria fácil a nossa trajetória de vida, muito menos maravilhosa.
          Jesus disse que no mundo nós teríamos aflições (Jo. 16:33).
          Precisamos parar diante de uma situação tão brusca e emocionante; e refletir muito sobre como estamos e qual é a nossa posição na vida.
          Quem pode estar livre do câncer, da AIDS, das doenças degenerativas e outras doenças?
          Quem pode dizer que está completamente imune às catástrofes?
          Quem está livre de ter um filho homossexual ou uma filha lésbica?
          Quem está livre das perdas?
          Os pais dos filhos da tragédia de Santa Maria, não terão mais seus filhos por perto. Filhos jovens  e lindos, cheios de vida, interrompidos de viver bruscamente e impedidos de continuarem sonhar os sonhos da vida de um jovem.
          Os pais dos filhos da tragédia de Santa Maria, viverão para sempre a ausência de seus filhos.
          Os pais dos filhos da tragédia de Santa Maria, viverão para sempre essa dor de não terem nunca mais os seus filhos, de não verem os seus filhos se casando, se formando, tendo também filhos e lhes dando netos.
          Essa história trágica de Santa Maria é pra nunca mais ser esquecida. Precisa ser lembrada sempre, de preferência a cada momento.
          Nós seres humanos, precisamos pisar firmes os pés na realidade da vida, a única e mais forte do que todos nós, que é a morte; e as pessoas insistem fugir.
          O homem precisa voltar a ser humano.
          Espero que as pessoas acordem e reavaliem certos valores que já foram esquecidos, depois desta tragédia de Santa Maria.
          Ninguém é inabalável, imbatível ou super-herói.
          Quem nos define e define as nossas vidas é o Senhor Deus. Porém, muitos estão fiados e fissurados em líderes religiosos, que fazem questão de serem colocados como deuses.
          Todos nós somos vidas que precisam retomar a boa vida que foi esquecida.
          É a vida da boa vida do Bom dia! Boa tarde! Boa noite!
          É a vida da boa vida de dar um sorriso ou soltar umas boas gargalhadas, de se escangalhar de tanto rir, até a barriga doer.
          É a vida da boa vida do Olá, tudo bem? Como vai? Tô ligando pra saber como você está.
          É a vida da boa vida do Feliz Aniversário!
          É a vida da boa vida de dar Tchau! Até Breve! Até Logo!
          É a vida da boa vida de presentear um amigo com um telefonema ou com uma visita, pra simplesmente beber um cafezinho ou um bom copo com água gelada.
          É a vida da boa vida do café da manhã, almoço, lanche e jantar em família.
          É a vida da boa vida de entender e aceitar a vontade de Deus, que é sempre boa, agradável e perfeita (Rm. 12:2).
          É a vida da boa vida de acordar, agradecendo a Deus pela vida, por ter acordado, pelo dia que ainda vai viver, por estar simplesmente vivo.
          A juventude é a mais bela e rica fase da vida de um ser humano.
          A tragédia de Santa Maria é para ser lembrada para toda a vida. É uma marca, é uma ferida para sempre para todos nós brasileiros, que não conhecemos essas vítimas, jovens que não conhecemos, mas independente de não tê-los conhecido, sentimos uma profunda dor, a dor da perda de cada um.
          Que Deus possa confortar cada família que ficou sem seus filhos, os jovens de Santa Maria.