sexta-feira, 14 de agosto de 2015

E a gente perde.


E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo.
Fp. 3:8.



E a gente perde.
Como entender e explicar, que a partir do momento que a gente nasce, a gente já começa a perder?
O homem, em sua essência, tem uma tendência natural de focar apenas para a sua vida, sempre, em todo o tempo, vitória.
Ninguém gosta de viver uma situação, já contando que irá perder. Pois, perder é algo muito ruim.
Por isso, o homem não admite sequer pensar em perder.
O homem quer vencer sempre. E por causa deste querer, ele investe todas as suas forças, lutando muito, numa crescente desenfreada, para vencer.
O homem não pode parar.
O homem não pode desistir.
O homem não pode perder.
O homem não pode recuar.
O homem não pode olhar para trás.
O homem não pode não poder.
O homem precisa manter firme o seu olhar, no que ele vitoriosamente irá conquistar.
Dentro da realidade humana, tudo que o homem busca fazer e realizar, é para alcançar o pódio. O homem quer sempre estar, chegar e ficar em primeiro lugar.
Diante de tantas circunstâncias completamente desconexas com tudo que o homem quer ganhar, conquistar, o que ele acaba fazendo é caminhando na contramão dos seus princípios; coordenando formas, jeitinhos, para conseguir ajustar o que ele quer que aconteça.
Entretanto, muitas vezes, o que ocorre é uma avalanche de coisas, imprevistos e mais imprevistos, que no fundo não são imprevistos, mas sim a vontade de Deus, por trás das cortinas, tornando as circunstâncias ainda mais difíceis.
Tudo isso, porque o homem, em sua autossuficiência, quer e acha que pode fazer e acontecer na sua vida, como se pudesse reger com muita audácia tudo que acha, tudo que deseja e anseia viver.

E a gente perde.
E a gente perde, quando pensa que está ganhando.
E a partir daí, a gente não consegue entender.
E a partir daí, a gente não consegue explicar.
E por essas e outras, a gente perde, sem querer perder.
E a gente tenta, para fazer acontecer o que tem de ser, o que a gente quer.
E nem sempre o que precisa ser feito para que tudo aconteça, acontece na prática.
E diante de tantas expectativas frustradas, a gente vê que a derrota é que acontece.
E o que fazer, diante da derrota, tão nítida e tão presente?
E a gente simplesmente não quer aceitar a derrota. Porém, a gente perde sempre, tentando ganhar; pois, no vai e vem da vida de todos os dias, existe uma constante renhida de ganhos e perdas.
E muitas vezes, não há como retroceder. E aí, a gente não pode parar, não dá para parar, não há como parar.
E a gente perde, mas precisa continuar, porque a vida continua. E o ritmo que a gente adquire na vida de todos os dias, é que a gente precisa saber viver.
Entretanto, como é que a gente vai saber viver, se a gente não aprender?
E o aprendizado que a gente passa a ter, nunca é quando a gente vence, mas sim quando a gente perde.

E a gente perde.
E a gente se acostuma a buscar formas, regras, que possam, de modo completo, satisfazer ao ego. E nessa busca do ego pelo ego, a gente vai criando um deus próprio, sem imaginar ao menos que este deus próprio, irá se transformar num inimigo ferrenho, e vai tentar, de todas as maneiras, destruir aquilo que há de mais belo, que é a essência que a gente tem de adorador ao Deus trino.
E a gente perde, quando pensa que está dominando todas as situações e tudo ao redor, inclusive as próprias emoções, na doce ilusão de que se a gente está na chuva é pra se molhar.
E a gente perde o amigo, que no fundo nunca foi amigo.
E a gente perde o pai e a mãe, que por causa das circunstâncias naturais da vida, se vão pra nunca mais voltar.
E a gente perde o irmão, a irmã, que se vão antes da gente.
E a gente perde o tio, a tia, o avô e a avó, que foram tão importantes na infância e no crescimento que a gente viveu.
E a gente perde o primo, a prima, o vizinho.
E a gente perde o inimigo, que por ser inimigo, sempre trouxe muito incentivo, com a sua inimizade e as suas críticas no dia a dia da vida da gente.
E a gente perde o emprego, o ônibus, o trem e o metrô.
E a gente perde o filme que ganhou o "Oscar" de melhor filme.
E a gente perde o direito de ser feliz, ao lado de quem ama, porque simplesmente a gente brinca demais, no momento que não era pra brincar.
E a gente perde um curso muito importante, por questões banais. Um curso que poderia mudar o rumo de tudo pra melhor.
E a gente perde o direito de coisas imprescindíveis, por não ter sabido reivindicar o que era direito da gente.
E a gente perde o que era devido, porque a vida é rápida, e muitas coisas não esperam, porque o tempo não para.
E a gente perde uma oportunidade de ouro, por tanta imaturidade; achando que outras oportunidades iguais ou melhores poderão surgir. E no entanto, não é isto que ocorre.
E a gente perde, por fazer escolhas erradas.
E a gente perde, por decidir precipitadamente.
E a gente perde, por achar que está certo. E com o passar do tempo, a gente descobre que não está.
E a gente perde, por achar que perder é derrota.

E a gente perde, porque perder faz parte da vida.
E a gente perde, porque a vida tem muito dessas coisas.
E a gente perde, na sensação lúdica de querer ganhar.
E a gente perde agora, pra poder ganhar depois.
E a gente perde, porque Moisés perdeu o direito de ser um Faraó, indo aprender por quarenta anos, na terra de Midiã, a ser do jeito que Deus queria que ele fosse (Êx. 3:1-22).
E a gente perde, porque o povo de Israel viveu uma peregrinação de quarenta anos no deserto, experimentando o auge dos milagres (Nm. 14:34).
E a gente perde, porque Davi viveu catorze anos sendo perseguido por Saul, para dar valor a posição maior de ser rei de Israel (II Sm. 5:4).
E a gente perde, porque o profeta Elias fugiu da morte, vivendo uma depressão acentuada, por causa da perseguição de Jezabel. E não experimentou a morte, sendo arrebatado ao céu num redemoinho (II Re.2:11).
E a gente perde, porque Paulo considerou todo o seu conhecimento como perda, por causa de Cristo (Fp. 3:8).
E a gente perde, porque Lázaro morreu, pra depois de quatro dias, ter a sua vida de volta, sendo ressuscitado por Jesus (Jo. 11:1-45).
E a gente perde, porque Jesus Cristo foi crucificado, chegando a ter uma morte vergonhosa, para que ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos. E assim, nos dar o direito de vida eterna com Ele (Jo. 3:16).
E a gente perde, mas na verdade a gente nunca perde, porque sobre todas as coisas, sempre, a gente é mais do que vencedor, por Cristo Jesus, que muito ama a gente (Rm. 8:37).



Tenha uma vida de aprendizado.
E que Deus lhe abençoe muitíssimo!

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